
O palco está tomado de gente. É onde uma batalha de dança acontece. Bailarinos se alternam no meio de uma roda, fazendo com o corpo movimentos do “krump“, uma linguagem das culturas urbanas marcada por energia, precisão e vigor.
Cenas como essas costumam ser guiadas por batidas pesadas de músicas de hip-hop, refletindo o contexto urbano no qual esse estilo foi criado, nas periferias de Los Angeles do início dos anos 2000. Mas o que se ouve é um coral embalado pelo som de um cravo, espécie de avô do piano e peça central da música barroca.
A fricção entre esses dois universos está na raiz de “Les Indes Galantes“, ópera-balé em cartaz até dezembro no Theatro Municipal de São Paulo. Lançada em 1735, a obra assinada por Jean-Philippe Rameau teve papel central na consolidação do gênero lírico francês, mas acabou esquecida no século 20.
