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Geraldo Filme, o conhecimento e o samba como ferramenta política contra a opressão

Geraldo Filme

Geraldo Filme (foto) nasceu em 1928, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, no ano de 1933, e mudou-se com a família para a Barra Funda, São Paulo/SP. Frequentou Pirapora do Bom Jesus – territórios relevantes pelos encontros e práticas dos chamados batuques paulistanos.  Era conhecido como Geraldão da Barra Funda.

Compôs diversos enredos para o Peruche e Vai-Vai, sendo o autor de ‘Tradição’, um samba que tornou-se uma espécie de hino do Bixiga. Suas músicas traziam reivindicações ao reconhecimento das potencialidades dos negros de forma ampla na sociedade.

Aprendeu com sua mãe a se defender pelo conhecimento e sua ferramenta política: a composição. Geraldo Filme foi um grande pesquisador das dinâmicas e causas sociais opressoras.

É uma prática das equipes de supervisão e educadores trazerem suas composições em atividades socioeducativas para os alunos do Projeto Guri. Nos centros da Fundação CASA ocorreram algumas atividades planejadas pelas equipes de supervisão educacional e de desenvolvimento social com este enfoque. Destaque para as ações realizadas no complexo Raposo Tavares e no Brás. No ano de 2016, foi realizado pelo supervisor Julio Cesar, um arranjo de ‘Tradição’ (Geraldo Filme), disponibilizado e executado por alguns grupos de percussão. O objetivo deste arranjo é aproximar o aluno e a aluna deste contexto histórico (promovido pela cultura negra), a partir da prática e compreensão das estruturas rítmicas e melódicas do samba.

Indicamos para uma apreciação as músicas: ‘Tradição’, ‘Silêncio no Bixiga’ e ‘Tebas, o escravo’. Em ‘Tebas’, Geraldo descreve a existência de um relevante arquiteto negro (escravizado) que desenvolveu e executou alguns importantes projetos arquitetônicos: a) a torre da catedral da Sé, b) ligações hidráulicas sanitárias no centro de São Paulo, entre outros. Tebas negociou e conseguiu sua alforria em troca destas atividades. Geraldo sempre destacou a luta e a resistência a partir dos saberes afro-diaspóricos. Sua estratégia, o samba.

Ver também:

O Canto dos Escravos (1982) – Álbum.

Programa Ensaio sobre Geraldo Filme. TV Cultura (1992).

Documentário Geraldo Filme (1998).

Tebas – Arquiteto Negro na São Paulo Escravocrata (2019) – Livro.

Algumas composições do disco ‘O Canto dos Escravos’ foram apresentadas por alunos do Projeto Guri no espetáculo ‘Calungá – O Mar que Separa é o Mar que une’ (2012), como mostra a faixa Muriquinho.

Texto escrito por Rafael Y Castro – Coordenador Educacional da Sustenidos, percussionista e pesquisador

 

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